Injustiça na Concessão do Prêmio Nobel de Literatura

Celso de Almeida Cini

Celso de Almeida Cini

Entre as muitas críticas às concessões do Nobel de Literatura e as injustiças reclamadas contra as decisões da Academia Sueca, há uma que teve repercussão mundial e considerada  imperdoável, praticada contra o escritor russo, Leon Tolstoi, autor da obra Guerra e Paz e de outras não menos importantes, como o drama social, Anna Karenina. Guerra e Paz, romance histórico, escrito entre 1865 e 1869 o qual, ,já a partir do primeiro ano de concessão, em  1901, mereceria, sem nenhum favor, e por sua grandeza, o Prêmio Nobel de Literatura. Versa, o romance de Lev Tolstoi, sobre a guerra – e suas consequências sociais – movida por Napoleão Bonaparte, à frente do temido exército da França, contra a Rússia.  O conflito não mostra um grande enfrentamento final. Terminado, com a epopeia russa de 1812, ele marca a derrocada das tropas napoleônicas, tentando retornar, cansadas, famintas e vencidas muito mais pelo rigorosíssimo inverno russo, do que pela pressão do assalto das forças militares  do Czar que os perseguia. \O exército  francês, colhido pelo impiedoso inverno russo, mantinha-se encalhado nas estradas barrentas da velha Rússia, e eram  assediados, em seu  regresso, pelos russos que os fustigavam quando voltavam à pátria. Napoleão Bonaparte, vaidoso ditador francês, fora vencido na Batalha de Borodina e mais tarde, foi derrotado pelos ingleses, capitaneados por Lorde Nelson, na Batalha de Waterloo. Exilado na Ilha de Elba, Napoleão morreu lá foi enterrado no Pantéon Francês de Les Invalides.

A injustiça do Nobel negado a Leon Tolstoi

Disso tudo, resultou uma  informação interessante sobre o Nobel de Literatura, nas premiações concedidas entre 1902 e 1910,. É que, todas as previsões apontavam,a partir de 1902, o escritor russo, Lev Tolstoi, autor de Guerra e Paz, obra notável que merecia o Nobel, assim como era favorito  ao Nobel de Literatura e seu nome estava realmente entre os proeminentes candidatos,para o vencedor de 1902, e a partir desse ano, provavelmente, entre os cinco finalistas submetidos ao voto dos Acadêmicos suecos ano a ano, até 1910. Assim, constituiu surpresa e até mesmo uma grande frustração a decisão da Academia Sueca, afastando o venerando autor russo da premiação, também em 1902 e repetindo a negação, ano a ano, até 1910. Finalmente, Tolstoi faleceu, em novembro de 1910, sem ter sido distinguido com tal Láurea, selando definitivamente a injustiça que até esse ano arrastou-se. Os velhos conflitos armados e as antigas rixas entre Suécia e Rússia, tinham algo a ver com isso? Provavelmente, sim, a julgar pelas premiações por pelo menos nove autores eleitos entre 1903 e 1910.

Analisando, com calma e imparcialidade, os nomes e as obras  dos oito premiados entre 1903 e 1910, é fácil perceber que houve, sim, preconceito e injustiça contra Tolstoi, pelos acadêmicos suecos, responsáveis pelo julgamento final do vencedor pois, sem desdouro do valor da obra de cada um dos nove premiados, o romance, Guerra e Paz, baseado em fato histórico de fundamental importância para a história universal – a guerra movida por Napoleão Bonaparte, da França, contra a Rússia -, é muito superior à cada uma das obras dos adversários premiados. Realmente, sem falar no conjunto da obra de Tolstoi, sozinha, a obra, Guerra e Paz já seria suficiente para premiar Lev Tolstoi, em qualquer um desses oito anos, inclusive, até mesmo em 1910, pois Lev Tolstoi morreu em 10 de novembro desse ano, quando o Nobel de Literatura 1910, já tinha sido atribuído e divulgado, uma vez que já era tradição anunciá-lo em outubro! Por isso, entre todas as grandes injustiças cometidas pela Academia Sueca, ao longo destes 117 anos de premiação do Nobel de Literatura, ressalta a injustiça praticada contra a obra e o autor de Guerra e Paz, ao longo dos anos de 1901 a1910, quando Tolstoi viveu  seus últimos anos de vida.

(*) Celso de Almeida Cini é advogado, professor, escritor, memorialista e membro da Academia de Letras da Grande São Paulo, ocupando a Cadeira 37, cujo Patrono é Afonso Schmidt

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