Brumas do Caos
Quantos ais por ti, brasileiros!
Quantos ais por ti, das Gerais,
Quantas promessas em vão!
Quantas preces,
Quanta desilusão!
Creio em ti, o’ Minas
Dos filhos de Mariana,
Do sangue de Tiradentes.
Não te envergonhes, pois,
Pelos que corrompem tua sina,
Os que enlameiam tua gente!
Para o mundo és adorno
De ouro e pedras.
Amor com louvor
À força da tua reza
À pureza da tua fé
Ao carinho acolhedor
À tua arte sacra
Ao sabor da tua comida.
De ti quiseram mais,
Muito mais!
Mais que tuas cacimbas
Mais que tuas doces nascentes,
Mais que a bênção
Do velho Chico…
Ganância infrene
Pelo tesouro farto
Das tuas entranhas!
Choro por ti, Minas Gerais!
Choro o silêncio dorido
Dos que não voltam mais…
Sou pai, sou filho, sou irmão,
Sou Mãe!
Vale, vale outra vez?
Vale parir tanta riqueza?
Para quem?
Vale, neste parto canalha,
O povo sufocado
Suportar a placenta
De lama e sangue
Como sua mortalha?
José Roberto Xavier
Membro da Academia de Letras da Grande São Paulo
Cadeira 24 – Patrono Alberto de Oliveira