Sérgio Augusto Alonso Ballaminut

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Sérgio Augusto Alonso Ballaminut

Patrono: Mário de Andrade
Cadeira 20


 BIOGRAFIA

  • Sérgio Augusto Alonso Ballaminut (Sérgio Ballaminut) nasceu em 16 de junho de 1975, no município paulista de São Caetano do Sul, onde vive. Bacharel em Administração de Empresas pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e Especialista em Finanças pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), é diplomado, também, em nível de extensão, em Produção e Gestão Cultural. Foi membro do Conselho Diretor da Fundação Pró-Memória de São Caetano do Sul de 2013 a 2016, tendo atuado, por meio de funções consultivas, deliberativas e normativas, em trabalhos culturais e serviços prestados à historiografia de São Caetano do Sul e da região do Grande ABC. Poeta e escritor, é membro da Academia de Letras da Grande São Paulo (ALGRASP), onde ocupa a cadeira nº 20, Patrono Mário de Andrade, e da Academia Popular de Letras de sua cidade. Escreve há trinta anos, contando com vasto acervo poético, do qual cerca de mil textos já foram editados entre antologias (A Forja da Liberdade, Paixão e Amor na Literatura, A Árvore da Vida, Best Seller 2004 e Idiossincrasias), livros (Cantos e Recantos, Cúmplices da Poesia, Os Poetas do Meu Canto, Poesia em Quatro Atos, A Flor de Minas e a Janela dos Dias e Alma de Mim) e revistas (Raízes – Números 30 e 47). Escreveu, também, alguns contos, tendo editado um em antologia (Contos Cotidianos).

É grande apreciador de poetas como os brasileiros Carlos Drummond de Andrade, Mário de Andrade, Mário Quintana, Vinícius de Moraes e Paulo Leminski e o português Fernando Pessoa, cuja ode “Para ser grande”, do heterônimo Ricardo Reis, tem por poema de cabeceira pela filosofia de vida que representa:

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.

E-mail: sergio_ballaminut@hotmail.com


BIBLIOGRAFIA

Nos idos de 1990, por influência de sua então professora de Literatura e Língua Portuguesa, Laila Nicolau, e de suas memoráveis aulas, que propunham a análise de poesia de época à luz de letras de músicas populares brasileiras da maior qualidade, nasceram os primeiros escritos de Sérgio Ballaminut, que hoje conta com cerca de 1000 textos já editados.

Livros Publicados:

Os Poetas do Meu Canto, Poesia, PoloBooks, 2012;
Poesia em Quatro Atos, Poesia, PoloBooks, 2014;
A Flor de Minas e a Janela dos Dias; Poesia, PoloBooks, 2015;
Alma de Mim, Poesia, PoloBooks, 2016;

Participações em Livros, Antologias e Revistas:

A Forja da Liberdade, Edições Arnaldo Giraldo, 2003;
Paixão e Amor na Literatura, Casa do Novo Autor Editora, 2003;
A Árvore da Vida, Edições Arnaldo Giraldo, 2003;
Best Seller 2004, Casa do Novo Autor Editora, 2004;
Idiossincrasias, Edições Arnaldo Giraldo, 2004;
Revista Raízes, Número 30, Fundação Pró-Memória, 2004;
Cantos e Recantos, Fundação Pró-Memória, 2006;
Cúmplices da Poesia, Assahi Gráfica e Editora, 2008;
Contos Cotidianos, Editora Regência, 2011;
Revista Raízes – Número 47, Fundação Pró-Memória, 2013;
Cantos e Recantos, Fundação Pró-Memória, 2006;
PublicArte – Nº 8, Sistema de Bibliotecas – UFABC, 2016;

Participações em Eventos:

I Fórum Municipal de Cultura de São Caetano do Sul, Secult, 2005;
III Conferência Municipal de Cultura de São Caetano do Sul, Secult, 2013;
2ª Ocupação Artística Especial, UFABC, 2017;
3ª Ocupação Artística Especial, UFABC, 2019.

Cursos Relevantes:

Produção e Gestão Cultural, Ponto de Cultura APAP Artecidade, 2010;
Minicurso de História da Arte, Fundação Pró-Memória, 2012.


Pronunciamento de apresentação de Sérgio Alonso Augusto Ballaminut na Academia de Letras da Grande São Paulo, proferida pelo Acadêmico José Roberto Espíndola Xavier.

É sempre uma grande alegria receber amantes das letras, defensores da liberdade de expressão da vilipendiada arte da comunicação, na era dos contatos virtuais instantâneos, modo que empodera, para o bem e para o mal, genialidades esconsas e imbecilidades incontidas explícitas.

Bem-vindos sejam artesãos de prosas e rimas, arautos que anunciam dramas cotidianos, capilarizando ideias e ideais, armas legítimas da democracia, hoje perdidas no cipoal das mentiras e das traições, ante a deturpação da literacia digital que desorienta nossa juventude.

De hoje em diante, caros Sérgio e Gonçalo, este sodalício lhes oferece um novo espaço, o qual, no desenvolvimento dos seus talentos, poderão decorar segundo seus gostos de ser e de estar, para combater a sua maneira a mediocridade cultural que assola o país.

Aqui é possível pincelar as cores das suas bandeiras em pensamentos e tendências que reflitam suas escolhas, moldados por escalas de valores intrínsecos, revelando marcas individuais autênticas e reafirmando indeléveis e inalienáveis truísmos que compõem seus patrimônios éticos.

Habitem-no com a grandeza inefável dos espíritos libertários, inspiradores dos nossos melhores momentos de lucidez e autorrealização, insights para a edificação de si próprios e para a preservação dos frágeis princípios do nosso jovem estado democrático.

Aqui, poderão expressar, com a autenticidade dos justos, suas aptidões, contando com o incentivo de um meio que comunga os mesmos pendores, os mesmos misteres, a mesma inquietude que transborda em dores, alegrias e amores, o cultivo da palavra escrita. Revolvam esta terra fértil. Plantem. Os frutos serão sadios e as flores viçosas.

“Verba volante, scripta manent”
Ornamentem este silogeu com adereços das paixões vivenciadas e façam dele o endereço das suas mais convictas performances, seja suscitando indignações, suportando anátemas, ou mesmo revivendo sonhos pueris, mas usando sempre o que houver de mais persuasivo na sua dialética.

“Tudo vale a pena quando a alma não é pequena”( F. Pessoa).
E se a alma é grande, mantém-se vivo o entusiasmo para criar, mesmo quando um ilusionismo retrógrado se apresentar travestido de iluminismo; mesmo quando a frouxidão das leis – o laxismo conveniente e conivente – facilitar os meandros da corrupção e turvar os limites de poder das instituições, ameaçando seu equilíbrio e governabilidade.

É dos cérebros privilegiados que a nação espera o protagonismo na luta contra a ética medieval, a truculência, a estultice, o desrespeito às diversidades, o fundamentalismo religioso de um Estado teocrático e o obscurantismo das posições extremadas por retóricas populistas.

Assim seja em nome da secularidade, do Estado laico.

Não negligenciemos o combate ao vergonhoso débito humanitário que temos com os desvalidos desta injusta nação, última a extinguir a escravidão.

Abro aspas para Buda:

“O conflito não é entre o bem e o mal, mas entre o conhecimento e a ignorância”.
No início dos anos oitenta até os primeiros anos deste século XXI surgiram as gerações millenium (Y) e geração centenium (Z), que vêm transformando a humanidade com novas concepções de relacionamentos, padrões de consumo, condições de trabalho, formas de emprego, habilidades inusitadas e questionamentos da contracultura.
A evolução tecnológica, a avassaladora oferta de informações e a incrível velocidade da comunicação coloca estes jovens em um novo mundo, inconcebível na minha geração X, de após segunda guerra mundial. Estabelece-se outra grande responsabilidade para formadores de opinião nesta nova era, que é como enfrentar a ditadura digital com seu domínio de dados e doutrinação de mentes.

“Ó tempora, ó mores!”
Quais deverão ser os caminhos da Educação? Como harmonizar os diferentes costumes e construir uma convergência de interesses? Conseguiremos nos comunicar? Como devemos nos posicionar com relação às minorias? Haverá tempo ou sensibilidade para o “Pro Bono et Bello”, lema desta Academia?

Enfim, está surgindo outro “Admirável Mundo Novo”, livro de ficção de Aldous Huxley, escrito em 1932, sobre o como seria Londres no ano de 2050, tornando-o bastante atual no que diz respeito às potencialidades autoritárias de um governo de castas manipuladas (até geneticamente) e adestradas para servir ou cumprir destinos monitorados.

O avanço da Inteligência Artificial, descrita por Yuval Harari, escritor israelense, substituindo paulatinamente a inteligência humana, elucidando e ditando comportamentos, coloca os organismos como um conjunto de algoritmos bioquímicos a serem decifrados, e a vida apenas como um processamento de dados.

Seria o fim do romantismo? Onde ficam os sentimentos?

Estaria a inteligência se desacoplando da consciência?

Não acredito nisso, ainda. Por mais perfeita que seja uma máquina que “pensa”, não consigo conceber uma que “sinta”!

Não podemos aceitar uma nova “Geração Perdida” como descreveram Gertrud Stein e Ernst Hemingway, escritores americanos, sobre o comportamento da juventude no século passado, no período da primeira guerra mundial, e da grande depressão de 1929.

Entretanto, não nos esqueçamos da política pública mais fracassada do mundo ocidental, que é a da guerra contra as drogas, o que nos coloca atualmente em semelhante vulnerabilidade.

Condutas discricionárias nos governos levam a crises de autoridade, à perda de legitimidade das instituições e ao esquecimento de que o ser humano é a prioridade absoluta da criação divina e deve ser o objeto maior da nossa evolução física e espiritual.

Abro aspas para José Saramago, escritor português, Nobel de 1998:

“O egoísmo pessoal, o comodismo, a falta de generosidade, as pequenas covardias do cotidiano, tudo isso contribui para essa perniciosa forma de cegueira mental que consiste em estar no mundo e não ver o mundo, ou só ver dele o que for suscetível de servir aos nossos interesses”.
Incivilidades que burlam regras de coexistência e convivência. Tivesse Saramago nascido no Brasil, com certeza estaria descrevendo o “jeitinho brasileiro”.

Caros Sérgio e Gonçalo.

Exercer a arte de escrever carece de ebulição, de desassossego, de entusiasmo juvenil em qualquer idade; carece de destemor, de autenticidade, de voluntariedade; carece ver com olhos de enxergar, compreender com astúcia e sentir com o coração a realidade que nos envolve.
Os bons combates são travados à luz das virtudes.

No cotidiano, ao conjugarem verbos no passado, não o façam como lamentos, mas como uma louvação de aprendizado; ao declamá-los no presente, façam com a coragem dos que acreditam nos seus propósitos; ao decliná-los nos tempos futuros, seja para referendar a sua resiliência e a confiança que o saber lhes confere.

Psicólogos chamam isso de autoestima; os teólogos, de livre arbítrio.

Estarão, assim, preparados para iniciativas que realmente transformam, que podem ser humildes na forma mas devem ser profundas no conteúdo.

Venham.

Tragam suas experiências, suas verdades; mostrem a maneira como vocês entendem o mundo. Compreendemos o egoísmo racional, a ambição mensurada pela razão, o lado hedonista inerente a cada um de nós em busca da felicidade.

Eu lhes almejo muito sucesso e agradeço por valorizarem o capital humano desta Academia.

Nas suas trajetórias, se fustigados por ventos contrários, construam moinhos; com ventos favoráveis, inflem as velas e singrem o mar da vida rumo aos seus desejos, sonhos e fantasias.

Naveguem sem medo de abismos além do horizonte, pois a Terra não é plana, creio.

José Roberto E. Xavier
Cadeira 24 – Patrono Alberto de Oliveira


Pronunciamento de Posse de Sérgio Augusto Alonso Ballaminut à Academia de Letras da Grande São Paulo, em 27 de novembro de 2019, na Cadeira 20, Patrono Mário de Andrade, anteriormente ocupada pelo escritor Mario Del Rey.

Ilustríssima Acadêmica Senhora Maria Zulema Cebrian, digníssima Presidente da Academia de Letras da Grande São Paulo,
Ilustríssimo Acadêmico Senhor José Roberto Espíndola Xavier, digníssimo Vice-Presidente da Academia de Letras da Grande São Paulo, meu padrinho,
Digníssimos Acadêmicos e demais escritores presentes,
Digníssimas Autoridades presentes,
Queridos pais, esposa, parentes, amigos,

Senhoras e Senhores.

Minha poesia é leve
Não se atreve a heroísmo
Nem é pedra grande
Na iminência de abismo.

Minha poesia é doce
Não se permite amargura
Nem é pedra grande
Para pulo da criatura.

Fala do simples
Fala do belo
Belo, que é simples
Simplesmente um elo.

Elo que se deu em dado dia. Elo que forte se tornaria. Anos noventa. Eu, mero colegial; ela, minha professora, Laila Nicolau. E a influência se deu. E a poesia nasceu. E a poesia cresceu. E aqui estou eu.

E por todo apoio e incentivo com que sempre me aprouveram, outros memoráveis enlaces: meus queridos pais, Adair e Antonio, e minha saudosa tia, Rosa Crovace.

E, entre sóis, em mim, a poesia fez-se, faz-se. Dá-se. Está posta aos diversos olhares. A uns agrada, a outros desagrada em seu sagrado ofício. É que, para usar o dito de meu Patrono, que em alma minha tamborila…

Eu sou um escritor difícil
Que a muita gente enquizila,
Porém essa culpa é fácil
De se acabar duma vez:
É só tirar a cortina
Que entra luz nesta escurez.

Mário de Andrade: esse homem é paulista que nem eu…

Filho de Carlos Augusto de Moraes Andrade e Maria Luísa Leite Moraes Andrade, Mário Raul de Moraes Andrade nasceu no dia 9 de outubro de 1893, em São Paulo, onde residiu por quase toda a vida.

Foi autodidata em história, arte e sobretudo poesia, tendo lido Rimbaud e os principais poetas simbolistas franceses enquanto criança. Aos 11 anos escreveu seu primeiro poema. Durante a infância foi considerado um pianista prodígio.

Apesar de ter escrito poesia durante todo o período em que esteve no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, Mário não pensava em fazê-lo profissionalmente até que a carreira de pianista profissional deixou de ser uma opção viável. Começou, então, a estudar canto e teoria musical. Foi professor de História da Arte e, anos mais tarde, tornou-se professor catedrático de História da Música e Estética.

Aos 24 anos publicou “Há uma gota de sangue em cada poema”, seu primeiro livro de poesia. Como a obra pareceu não ter tido um impacto significativo, Mário resolveu ampliar o âmbito de sua escrita, deixando São Paulo e iniciando o meticuloso trabalho de documentação sobre a história, o povo, a cultura e especialmente a música do interior do Brasil.

Ao tempo em que realizava seu trabalho de pesquisa do folclore brasileiro, Mário fez amizade com um grupo de jovens artistas e escritores de São Paulo, dos quais alguns mais tarde integrariam o chamado “Grupo dos Cinco”, composto por ele próprio, os poetas Oswald de Andrade e Menotti del Picchia, além das pintoras Tarsila do Amaral e Anita Malfatti, em cuja exposição o poeta travou contato inicial com a modernidade e iniciou sua marginália.

Em 1921, passou a pertencer à Sociedade de Cultura Artística e esteve presente ao lançamento do Modernismo no banquete do Trianon. No ano seguinte, trabalhou com Anita Malfatti e Oswald de Andrade na organização da Semana de Arte Moderna, brado coletivo principal do movimento modernista.

Em 1924, realizou a “viagem da descoberta do Brasil”, visitando as cidades históricas de Minas Gerais. Alguns anos depois, empreendeu as “viagens etnográficas”, ao longo das quais atravessou o Amazonas e o Peru e explorou o Nordeste, experiência que aguçou o contato que sempre desejara com o Brasil “de dentro”, na procura por suas verdadeiras origens.

Em 1935, organizou, com o escritor e arqueólogo Paulo Duarte, um Departamento de Cultura para a unificação da cidade de São Paulo, do qual se tornou diretor. Exerceu o cargo com a ambição que o caracterizava, ampliando seu trabalho sobre música e folclore popular e organizando exposições e conferências. Os registros da Missão de Pesquisas Folclóricas resultaram em vasto acervo, que pode ser considerado um dos primeiros projetos multimídia da cultura brasileira.

Mário de Andrade foi um dos mentores e fundadores do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que seria caracterizado por uma radical investida no inventário artístico e cultural de todo o Brasil, mas, por limitações de ordem política e financeira, acabou por ter uma atuação restrita.

Em 1939, criou a Sociedade de Etnologia e Folclore de São Paulo, sendo seu primeiro presidente. Mudou-se para o Rio de Janeiro, onde assumiu novo posto e dirigiu o 1° Congresso da Língua Nacional Cantada, um importante evento folclórico e musical.

Mário de Andrade também desempenhou relevante papel como crítico de arte e literatura. Além dos seus ensaios sobre música e poesia, opinou nos campos do folclore e cultura popular e até das artes plásticas, onde chegou a erguer e destruir reputações.

Na poesia, seus principais livros são: “Pauliceia desvairada”, considerado a base do modernismo brasileiro, “Losango cáqui”, “Clã do jabuti”, “Remate de males”, “Poesia”, “O Carro da miséria” e “Lira paulistana”. Na prosa, foi autor de dois romances: “Amar, verbo intransitivo” e “Macunaíma”.

Um capítulo à parte na produção literária de Mário de Andrade é representado pela ininterrupta correspondência do autor com colegas como Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Oswald de Andrade e outros.

Mário de Andrade morreu em sua residência, em São Paulo, em 25 de fevereiro de 1945, sem qualquer reação oficial significativa. Somente dez anos mais tarde teve início sua consagração como um dos principais valores culturais do Brasil, tanto que, em 1960, foi dado o seu nome à Biblioteca Municipal de São Paulo.

Mário de Andrade já foi retratado como personagem no cinema e na televisão e é o patrono da cadeira de número 40 da Academia Brasileira de Música, tendo composto, com Heitor Villa-Lobos, a canção Viola quebrada.

Pela indiscutível relevância do legado desse grande poeta, escritor e músico à cultura brasileira, ora presto-lhe e à sua obra mais que merecida homenagem:

POEMA INTERESSANTÍSSIMO

No enleio de um prefácio
Interessantíssimo e inútil – qual dirias
Abancado à escrivaninha em São Paulo
Tu, escritor difícil que és
Enquizilas o burguês
Insultando-o de vez.

Mastigado na gostosura quente de amendoim…
Falado numa língua curumim
Pensando em tempos passados
Falas do amado teu Brasil
De noites pesadas de cheiros e calores amontoados…

Tu, Mário
Que és trezentos, trezentos-e-cinquenta
Será que contigo te encontraste
Nas voltas em que a vida reinventa?

Tu, Mário
E esse homem que vai sozinho
Pelas praças, pelas ruas de São Paulo
Que segredo tereis guardado?

Não importa.
És bom. E tudo é glória.
A forma do futuro
Define as alvoradas.

E assim, concluindo, agradeço a meu padrinho, José Roberto Espíndola Xavier, por seu apoio e confiança, e manifesto, na expectativa de poder somar esforços à missão desta Academia de Letras, minha honra, alegria e gratidão em tomar posse da Cadeira nº 20, Patrono Mário de Andrade.

Sérgio Augusto Alonso Ballaminut

Cadeira 20 – Patrono Mário de Andrade


NOVO POEMA
(RETRATORMENTO)

Se é de manhã cedo
Eu abro a janela
Eu olho a vida
Pela minha tela.

Eu ouço chorarem
Pardais, bem-te-vis
Tico-ticos roucos
Rolinhas gentis.

Eu vejo automóveis
Tantos e tão ágeis
Eu vejo morrerem
Tantas vidas frágeis.

Eu vejo indivíduos
Loucos formigueiros
Alguns caminhando
Outros, passageiros.

Eu vejo mendigos
Pobres esmolando
Eu vejo as pessoas
“Pouco se lixando”.

Vejo a violência
Crescer, tomar vulto
Em centros urbanos
Em igrejas, cultos.

Eu vejo a crença
Em segundo plano
Eu vejo o sagrado
Longe do humano.

Eu vejo que amores
Já não acontecem
Sentimentos nobres
Hoje adoecem.

E o peito bate
E a mão escreve
Um novo poema
Frio como neve.

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