Biografia de Rinaldo Gissoni
Dr. Rinaldo Gissoni, nasceu, em São Paulo, Capital, em 15 de abril de 1916, filho do médico-veterinário e arquiteto Mário Gissoni e de Filomena Gissoni. Foi casado com Antonieta Puttini Gissoni, professora, com quem viveu por 67 anos e teve cinco filhos: Maria Guaraciaba Gissoni Fenicio, Maria Guaraciema Gissoni Beber, Mário Ubirajara Gissoni, Rinaldo Ubiratan Gissoni e Celso Irapuan Gissoni, oito netos e cinco bisnetos. Faleceu em seis de novembro de 2010, em Santo André, São Paulo, aos 94 anos de idade.
Formado em Medicina-veterinária, Farmácia e Advocacia, além de ser um grande romancista, contista e poeta. Ainda estudante em Pouso Alegre, Minas Gerais, onde morou, apaixonou-se pelas letras e, paixão esta que o levou a fundar os periódicos O Futurista – de caráter eminentemente literário e o Veterinário – de caráter científico. Foi fundador do Centro Literário “Joaquim Queiroz Filho”.
Quando exercia as funções de desenhista-projetista na Companhia Siderúrgica Nacional, durante a segunda guerra mundial, foi convocado como Oficial, para o serviço ativo do Exército, onde prestou serviços na então Zona de Guerra Nordeste-Este, como chefe das formações veterinárias da 3ª do 8º R.A.M. e do 10º R.I., recebendo pela sua cooperação ao esforço de guerra do Brasil, a Medalha e Diploma de Guerra. Possui outras condecorações culturais, como o “Colar de Cunhãbebe”, as medalhas “João Ramalho” e “Cristoforo Colombo.”
Em l952, foi transferido para exercer a Inspeção Federal na região do ABC, onde, a bem da verdade, começou a Clínica Veterinária.
Regressando à vida civil, ingressou no Ministério da Agricultura, sendo locado em Joaçaba, Santa Catarina, onde a partir de 1947 prestou serviços como Inspetor Federal na Área Sanitária. Junto com Raul Pereira fundou o Joaçaba Jornal. Em 1952, foi transferido, para São Paulo, para exercer a função de Chefe da Inspeção Federal na região do ABC, no abatedouro frigorífico Swift, depois Swift-Armour, onde trabalhou por 26 anos. Fundou sua Clínica Veterinária, aí dando continuidade a seu trabalho no desenvolvimento desta importante região industrial do Brasil, onde se efetivaria para todo o sempre.
Aposentado compulsoriamente do serviço público aos 70 anos, passou a exercer a advocacia.
Um idealizador que procurou de todas as maneiras pela busca incessante da cultura. Foi um dos idealizadores da Academia de Letra do Pentágono Industrial Paulista em 1970, em São Caetano do Sul, que não chegou a ser inaugurada; da Academia de Letras da Região do ABC em 1963 em Santo André e extinta em 1980.
Numa região industrial, onde a verdadeira cultura estava em segundo plano, ele deu início a um movimento de valorização literária que inspirou os intelectuais do ABC. Sua atitude motivou a criação de outras sociedades culturais, incentivou escritores da região a editarem seus livros.Lutou para fundar uma Academia de Letras, sem esmorecer um segundo sequer. Hoje temos aqui diversos grupos teatrais em atividade. Assim como Machado de Assis, acreditava que juntos os intelectuais poderiam construir um mundo melhor.
O sodalício não tinha sede própria e passou a funcionar na Biblioteca Pública de São Bernardo do Campo, na Rua Bauru, nº 21 no Bairro Baeta Neves.Finalmente, em 11 de agosto de 1981, ano em que se comemorou o primeiro centenário de Gustavo Teixeira, Rinaldo Gissoni, fundou em São Bernardo do Campo, SP, com o apoio do Dr. Walker da Costa Barbosa e outros literatos do ABC, a Academia de Letras da Grande São Paulo— ALGRASP um orgulho para a cultura brasileira. Em 1988 transferiu-se para São Caetano do Sul, SP, cidade que acolheu com respeito este ícone da cultura. Sua Sede Oficial, está instalada no Complexo Educacional do Ensino Fundamental da Cidade, oferecendo cultura a quem tiver interesse pela Literatura. Em 03 de abril de 1991, a Academia de Letras da Grande São Paulo —ALGRASP foi reconhecida de “utilidade pública” pelo Decreto nº 767.
Em 2000 lançou o primeiro exemplar da revista anual TAMISES, que já está na sua décima terceira edição. Seu objetivo: oferecer ao público uma coletânea dos trabalhos dos Membros da Academia de Letras da Grande São Paulo.
Rinaldo Gissoni foi o seu presidente por 26 anos. Sua obra é extensa: Brumas, poesias; Pedestal Inacabado, romance; Dimensões Humanas, contos, Os Mistérios da Montanha, contos; O Enigma de Rosangela, romance; Curso de Poesia, didático, Irisações Finais, poesia; Braços Abertos, romance, O Elemento RAM, romance policial; Além das Trevas, seu último livro publicado em vida e lançado in memoriam devido ao seu passamento. Nos últimos tempos, após a morte da esposa, compôs sonetos, ainda inéditos, que registrou em um caderno. Após sua morte foi editado o livro Teatro do Efêmero com peças teatrais e reeditado o livro de contos Os Mistérios da Montanha.Faz parte de sua obra literária trabalhos de pesquisa de fundo técnico-científico no campo da Medicina-Veterinária.
Sua obra não precisa de classificação, cabe-lhe sim, a importância que seu trabalho acrescentou à Literatura Brasileira. Grande contista, ótimo romancista e poeta por excelência que primava pela rigorosa análise e cuidado com a língua pátria, fosse na técnica de contar ou na arte de poetar, sem, jamais, deixar de lado questões sociais e morais. Um sonhador que se deixa contar por sua criação literária. Perito em sonetos – a principal e mais difícil técnica poética, no entanto, aventurava-se também pelos caminhos da poesia moderna.
Venturelli Sobrinho disse: ”As poesias de Rinaldo Gissoni, são delicadas, romântico-sentimentais em versos heróicos e alexandrinos refletindo sempre, a alma simples de um poeta que, no seu lírico transporte cuidou de encontrar certa reciprocidade na camada do limbo humano…” Poesia da juventude e poesia da maturidade.
Rinaldo Gissoni foi, antes de tudo, um idealista e um sonhador. Primava pela qualidade e elevação do pensamento literário, priorizando o engrandecimento dos princípios morais, cívicos e culturais, ético e estético mostrado em suas obras, nas quais valorizou sobremodo a escrita correta do nosso vernáculo. Seus livros atestam seu cuidado e respeito pelo leitor. Sua obra não precisa de classificação, cabe-lhe sim, a importância que seu trabalho acrescentou a caminhos da poesia moderna.
Personalidade forte, sempre administrou suas atividades com punho firme. No Exército, no trabalho como funcionário público e no exercício da advocacia foi correto, ético. Assim como pautou sua vida pessoal pela lisura de caráter.
Também como Presidente da Academia foi bastante exigente, o que em diversas ocasiões provocou acalorados debates, mas era respeitado por seu saber e porque entendiam que ele, assim o fazia por amor ao sodalício.
Seu grande sonho era deixar um exemplo edificante para a nossa juventude. Preocupava-se com o legado que transmitiria àqueles que o seguiriam na jornada literária. Estudioso, não ficou um dia sem pesquisar e estudar, o que lhe permitia discorrer sobre qualquer assunto com o embasamento e a consistência que apenas um erudito pode fazê-lo. Conhecedor dos meandros que permeiam a alma humana, àquele que o procurasse, ofertava uma boa palavra, de incentivo, apoio ou, simplesmente, um conselho ─ como dizia ele.
Tinha uma característica sui generis, anotava sua inspiração com letra cursiva em tiras de exatamente 10,5cm de largura que emendava umas nas outras fazendo com elas um rolo. Após,transcrevia seus textos para o computador.
Rinaldo Gissoni deixou um exemplo de vida a ser seguido e um legado que não será destruído, a Academia de Letras da Grande São Paulo, pois suas fundações estão bem estruturadas.
Ocupou, com sabedoria e determinação, a Cadeira 1 cujo Patrono é Gustavo Teixeira. Após seu falecimento, tornou-se Patrono da Cadeira 09 da Academia de Letras da Grande São Paulo.
Esta Academia foi o coroamento da luta de toda a sua vida.
ÚLTIMO SALMO
Toda a glória, a Ti, Senhor,
que me deste inspiração;
pois cantei na vida, o Amor,
com a voz do coração!…
Em sequência
HOMENAGEM
Poetas do Brasil, da minha terra, da minha gente, dos sentimentos, das ansiedades, do amor que tudo pode e leva aos páramos encantados, não sejamos como a aranha que tece do próprio para si, mas imitemos a abelha que fabrica, de si, para todos.
Tomemos do cajado — Pastores que somos da Saudade, e cultores dos sentimentos —, e levemos na alma, o amor, que é eterno
Rinaldo Gissoni
AS RUGAS
Não te amarguem as rugas do teu rosto,
pois são marcas trazidas pelos anos…
se não revelam íntimos arcanos,
não revelam também qualquer desgosto!
São pequeninas raias de um sol-posto,
sinais de alguns possíveis desenganos,
sombras de devaneios ou de afano,
gloriosa majestade no teu rosto!
Escrínios de lembranças redivivas
e de suprema vibração interna,
graça demais, na essência, refletida.
Oh, essas rugas, que parecem vivas,
Dando ao perfil uma expressão mais terna,
fazendo uma existência mais sentida!…